PERCEPÇÃO SUTIL
por Juliana S. Valis













A percepção é uma arte sutil na vida,

Uma arte que se intui aos poucos, 

No mundo em que a insensibilidade briga

Chamando-nos, muitas vezes, de "loucos"...







E, indo além de aparências passageiras,

A percepção contempla a profundidade,

No mistério transcendente que invade

Quaisquer explicações rasteiras...






Sim, perceber a vida é permitir-se sentir,

Em um mundo de guerra que diz ser "fraqueza"

A sensibilidade de ver, além da frieza,

A própria beleza da vida em fluir !







Mas nesse mundo de tão frequentes grosserias,

Muitos rotulam os sensíveis de "chatos"

Ou "frescos", ou "fracos", ou "loucos" nos dias,

Por não seguirem muitos padrões insensatos,

Mas onde estarão os corações nessas frias

Noites que vão nublando sonhos e fatos,

Quando o padrão doentio de "normalidade", nas vias,

Retira a percepção sutil do amor, que nos faria mais gratos,

Sustentando aparentes rótulos que distorcem os dias

Em labirintos de horas entre véus e boatos ?






Pois o próprio padrão de "normalidade" é, em si, "loucura",

Na negação do sentir, enquanto "parecer" e "ter"

É meta de tantos seres na ilusão que perdura,

Mas terão percepção do que seja seu próprio ser ?






Pois não devemos nos enganar, assim,

A insensibilidade pretende tudo padronizado

Em tons de preto e branco, do começo ao fim, 

Mas, na alma, as cores deixam seu recado, 

Numa percepção sutil que faz o seu jardim

Na paz, enfim, que o sonho tem criado,

Em cachoeiras fluindo além do não e sim,

Pelas paisagens do coração amado.







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