OPACO & VAZIO & ESCURO

Eu sou a sobra do poema que não pude,

aquele que perdeu o verniz (o balaústre

inútil transpassado na alma e na coluna

desses meus dias de carma e de culpa).

Moro nos escombros do verso e na tortura

de não saber me soerguer nas arquiteturas,

de não ter a agulha do amanhã e sua costura

que não junta o vazio compulsivo das lacunas.

Trafego entre os breus dos polos da estrutura

da poesia invisível e desta obsessiva procura.