Depois a lua ficou mais sozinha ...
 
Luar parado, cheia de desejos, senti a atração d'um leve perigo. 
Liguei não!
Mesmo que eu soubesse como fluir a alma,
pela ponta dos dedos,

sem me perder naquele jeito de  mar de carinho
ia adiantar?
 
Difícil equilibrar espírito e libido.
Era como estar apaixonada pelo sol.
Brilhante e inebriante quando perto, sem nada de carnal, dispensava qualquer erotismo.
Ébrio e divino é fogo que assume o céu quando no alvorecer
No crepuscular, apaixonante, o inevitável:
sempre teria que dividi-lo com alguém.

 
Sabia que ia machucar, loucura maior resistir.
É intimo, é intenso.
Inevitável não ser céu para com ele voar.
Sorrindo de minha ilusão ignorar o que viria depois, quando,
suprimida a doçura dum minuto de conexão absoluta,
o afastamento insuportável, expandir-se,
A carne sangrando mesmo que nem se tocasse na ferida.
 
Podia fingir que o amor seria sincero e fiel.
Ter fé que triunfaria e, mesmo sem garantias,
sonhar o dia em que o viveria sem sobressaltos
acalantada na rede da inteireza, da completude
de laços e de nós, só boniteza....
 
Quis eternidade, que pretenciosa!
 
Passou um lamento, doído,
Quieta, no tempo duma saudade meiga
solucei baixinho...
Doida, doída, a serpentear por emoções –
as mais lindas, as mais doridas,
fui  andando pela rua escura pra poder chorar.



https://www.youtube.com/watch?v=7roqDIv2kUg


(*) Imagem: Pinterest
 
 
 
 

 
Marisa Costa
Enviado por Marisa Costa em 13/08/2021
Código do texto: T7320022
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