LAPIDAÇÕES

Somos bilhões de olhos que não enxergam, se cruzam pelas ruas e sinaleiras sem sequer erguer o olhar.

Não paramos pra ver o sol ou a lua, quanto mais às estrelas... Somos prisioneiros num campo florido. Transformamos vidas em desertos, abrimos crateras em cada passo de nossas passadas incertas.

Temos todas as certezas em nossa insignificante prepotência humana... Criamos canhões, bombardeiros, balas em alvos certeiros que geram rosas radioativas...

Somos o próprio bem e também o mal... Somos a insanidade que acredita que a loucura mora sempre no outro.

Incredulamente acumulamos fardos pesados sem saber que nascemos com toda a leveza de uma alma limpinha, pura... Uma página inteirinha para escrever uma bela história, um belo poema...

Rasuramos tanto que a obra perdeu a cor, o brilho que o olhar da infância enxergava...

Talvez por isso quem criou tanta beleza insista tanto em permitir que continuemos tentando...

Deve estar lapidando sua própria obra...

Ernesto Braga
Enviado por Ernesto Braga em 17/08/2021
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