Descuido
Uma estradinha estreita,
sol escaldante,
e, ao lado, um abismo.
Assombroso.
Por que andava por ali?
Tão desprotegido, tão suscetível...
Não sei.
De repente a gente para e olha,
sem ter como reconstruir
as inúmeras linhas que se ligam
umas às outras
ou se rompem
na teia absurda da vida.
Fato é que ali estava.
As pedrinhas rolando morro abaixo.
Lá no fundo, dois olhos: um mistério infinito.
Sem poder me segurar
nas frágeis ramagens da beira da estrada,
sucumbi.
Já estou a meia queda.
Os dois olhos brilham,
meu coração dispara.
Não há mais o que fazer.