Drummondiana (para Carlos Drummond de Andrade)
Tenho a idade da pedra,
de quando medra a civilização...
A pedra lascada, polida...
A pedra lançada.
Rotunda, pontiaguda,
projetada pela funda de Davi
e derrubando Golias...
A mesma pedra
que o poeta deixou em meu caminho.
Eu que contando estrelas não a vi;
tropecei, caí numa pedra irmã.
Fiquei sem amanhã;
cheguei ao céu do eternamente...
E o porteiro, um velho conhecido,
É Pedro - a pedra que me interroga
sobre como vim parar aqui.
Solene, eu respondo ter sido a pedra esquecida,
a perda da vida...
A pedra da vida...
A pedra esquecida no caminho do poeta
“No meio do caminho havia uma pedra”.
Se o poeta a viu, que a tirasse
e talvez eu ficasse no caminho um pouco mais...
Lá embaixo o corpo descansa
sob uma lápide, outra pedra...
Descanse em paz!