Drummondiana (para Carlos Drummond de Andrade)

Tenho a idade da pedra,

de quando medra a civilização...

A pedra lascada, polida...

A pedra lançada.

Rotunda, pontiaguda,

projetada pela funda de Davi

e derrubando Golias...

A mesma pedra

que o poeta deixou em meu caminho.

Eu que contando estrelas não a vi;

tropecei, caí numa pedra irmã.

Fiquei sem amanhã;

cheguei ao céu do eternamente...

E o porteiro, um velho conhecido,

É Pedro - a pedra que me interroga

sobre como vim parar aqui.

Solene, eu respondo ter sido a pedra esquecida,

a perda da vida...

A pedra da vida...

A pedra esquecida no caminho do poeta

“No meio do caminho havia uma pedra”.

Se o poeta a viu, que a tirasse

e talvez eu ficasse no caminho um pouco mais...

Lá embaixo o corpo descansa

sob uma lápide, outra pedra...

Descanse em paz!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 11/11/2007
Reeditado em 24/11/2007
Código do texto: T732574