refém

Estirada no sofá, ela olhava para o teto, sem ver nada.

Ficou ali horas a fio.

Três crianças correndo de um lado para o outro, gritavam e por vezes choravam.

No entanto ela continuava perseguindo as palavras que vinham e desapareciam de sua mente.

Não tinham conotação de presente, passado ou futuro.

Apenas o desejo de não estar ali.

Sentindo que era refém da responsabilidade que criara e do amor que idealizara.

Era doloroso que cada atitude que pensava em tomar teria que obrigatoriamente se igualar com a dele.

Caso contrário não havia argumentos que validasse suas palavras.

Acordou do devaneio quarenta anos depois.

Percebeu que as crianças já não se encontravam ali.

E que o teto descascou formando uma mancha preta.

Focando seu olhar na mancha encontrou as palavras que desaparecera.

Estavam ali esperando-a tomar uma atitude.

Porém tinham apenas conotação de passado!
 
elaenesuzete
Enviado por elaenesuzete em 27/08/2021
Código do texto: T7329547
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