Nevoeiro

Foi assim que o nevoeiro chegou ...

na infância tudo incerto, porém regido pelo medo e obediência

Brincadeiras, travessuras ...

com o olhar na vara de marmelo no canto da cozinha ...

Revestido de preconceito

Em cada esquina uma igrejinha

Na minha época chamavam-me de mocinha

Uma adolescente sem eira nem beira

Onde camisinha era apenas um diminutivo

A margem de um precipício



Íntima como mulher me fez mãe

Rebentos como sacramentos

De fidelidade com rara felicidade

Gerando células-mãe recorrendo

Mães-bentas que dançam na chuva

Com marido vivo vivem como viúvas



Assim o nevoeiro denso sobre cai

Em forma de fios prateados

Que do resto faz-se ossos do ofício

Um paraíso dentro do hospício

Com o custo benefício feito vício

Numa fuga à francesa perfumada de flores

Que em vida nunca as recebera

Com que rijeza o nó da madeira acolhe

A frustração dos desejos no apito final
 
elaenesuzete
Enviado por elaenesuzete em 27/08/2021
Código do texto: T7329554
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