O BÊBADO E A POESIA
O bêbado e a poesia
Sem muito, nem pouco vai o bêbado nos becos
Vivendo uma vida tão somente sua
Mergulhado nos vidros jogados e secos
Sentindo-se alheio, mas dono da rua.
Amarrota um sorriso e o botão da camisa
-Vai bêbado nojento! Diz um transeunte
Com soluços e cantando nem mesmo imagina
Que ele e a razão, não mesmo quem os junte.
É mistério o delirar do caro bebum
Romântico o lirismo de composições
Há nele um poeta, não homem comum
Que delira nas abstratas alucinações.
E quem bem souber da verdade que trás
Do poeta e do bêbado sabem tão bem
Poeta ou bêbado, cada um tanto faz
Cada um se embriaga como lhe convém.
Assim as palavras na sua embriaguez
Faz de ambos errantes de noite e de dia
Lirismo? Verdades? Nua insensatez
Desequilíbrio mais certo vindo da poesia.
Rosilene Leonardo da Silva
12/09/2021