UMA PEDRA NÃO É SÓ UMA PEDRA.
A poesia me pegou
quando era adolescente,
viu minha vulnerabilidade,
e a rasura do meu coração
inconsequente.
Pousou suas mãos finas
no meu coração rebelde,
me fez enxergar
que uma pedra
não é só uma pedra.
Uma pedra para ser pedra
depende do olhar,
que repousamos nela.
Me fez pisar noutra era,
fez nascer na minha dureza
os vários tons da primavera.
Me dominou no seu afã,
me sujigou como objeto,
até me entender por completo,
qual era sua missão.
Me colocou na lida,
me mostrou as ferramentas,
ensinou-me o primeiro passo
as minhas pernas pequenas,
pôs penas nas minhas asas,
tudo pronto nesse esquema,
me empurrou para um voo,
no corpo de um poema.
Ela então sorriu, zombou,
com minhas dificuldades,
as asas estavam curtas,
para rabiscar suas vontades,
mas ela não desistiu,
me colocou em outros voos,
até eu aprender voar,
sobre esse nebuloso mar.
Hoje, se mostra feliz comigo,
me diz, que de todo seu trabalho,
eu fui seu melhor castigo,
me estendendo as mãos, disse,
meu irmão, tudo que passamos
valeu apena.
Seus poemas hoje são asas,
que sobrevoam tantos dilemas.
Então eu a abracei,
toquei suas intimidades,
cheguei a fundir em ti,
as minhas anormalidades,
toquei em seu coração,
desvendei suas emoções,
escrevi um hino para ela.
E enquanto ela chorava,
o poema eu declamava olhando
nos olhos dela...