UMA PEDRA NÃO É SÓ UMA PEDRA.

A poesia me pegou

quando era adolescente,

viu minha vulnerabilidade,

e a rasura do meu coração

inconsequente.

Pousou suas mãos finas

no meu coração rebelde,

me fez enxergar

que uma pedra

não é só uma pedra.

Uma pedra para ser pedra

depende do olhar,

que repousamos nela.

Me fez pisar noutra era,

fez nascer na minha dureza

os vários tons da primavera.

Me dominou no seu afã,

me sujigou como objeto,

até me entender por completo,

qual era sua missão.

Me colocou na lida,

me mostrou as ferramentas,

ensinou-me o primeiro passo

as minhas pernas pequenas,

pôs penas nas minhas asas,

tudo pronto nesse esquema,

me empurrou para um voo,

no corpo de um poema.

Ela então sorriu, zombou,

com minhas dificuldades,

as asas estavam curtas,

para rabiscar suas vontades,

mas ela não desistiu,

me colocou em outros voos,

até eu aprender voar,

sobre esse nebuloso mar.

Hoje, se mostra feliz comigo,

me diz, que de todo seu trabalho,

eu fui seu melhor castigo,

me estendendo as mãos, disse,

meu irmão, tudo que passamos

valeu apena.

Seus poemas hoje são asas,

que sobrevoam tantos dilemas.

Então eu a abracei,

toquei suas intimidades,

cheguei a fundir em ti,

as minhas anormalidades,

toquei em seu coração,

desvendei suas emoções,

escrevi um hino para ela.

E enquanto ela chorava,

o poema eu declamava olhando

nos olhos dela...

Divino Ângelo Rola
Enviado por Divino Ângelo Rola em 19/09/2021
Reeditado em 19/09/2021
Código do texto: T7345652
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