O grande furto

Em todo virtude

se esconde a mágoa de ter nascido neste mundo vítreo...

Não há o que fazer...

Só me resta esperar que meu espelho volte pra dentro da minha carne que apodrece esperando o grande momento da minha existência...

Quem sou eu?

Não posso dizer quem sou, fui furtado de mim mesmo...

Não há nada de real em mim

não há nada de concreto e mim

não há nada em nós...

somos a cópia perfeita da imperfeição análoga da carne e do medo.

Somos a antevéspera do suspiro que não chega nunca...

Mas...Quem sou eu?

Sou o vulto que vc Vê na janela do teu quarto , como um espectro, que te segue e suga toda sua dor inesperada que surge na pálpebra dobrada e triste...

Sou o momento exato do meu fim

Sou a flor perfeita que foge da vulgaridade

Sou a dor remota que cospe e vomita na cara dos inválidos

Sou a faca que morde os nervos sem vida que carcome minha frígida carne...

Sou o que restou de mim mesmo.

Valdson Tolentino Filho
Enviado por Valdson Tolentino Filho em 19/11/2005
Código do texto: T73475