Janela

Da minha janela ouço passar o vento e vejo correndo o tempo.

Nas folhas soltas flutuando vejo as pessoas apressadas na cidade percorrendo em círculos as vidas gastas no vento.

Da minha janela vejo os vagalumes flutuando no céu escuro, são apenas estrelas dando amplidão à noite…

Vejo seu sorriso ao ver o mar pela primeira vez, numa gargalhada infantil, quisera que o vento parasse nesse sorriso de manhã.

Da minha janela ouço o tempo conversando com o vento e essa conversa me assusta porque surge o medo com sua foice, cortando as roseiras do jardim onde criança eu sonhava e isso me faz perceber que o vento tem seu limite de conversar com o tempo.

Da minha janela ouço o tempo passar no vento, ouço a conversa e isso me preocupa…

Fecho a janela na esperança de não ver o vento passar e com isso estancar o tempo, mas ele bate querendo entrar.

Da minha janela ouço o vento batendo como as batidas do meu velho carrilhão e o tempo? O tempo já passou.