FLOR DAS MARGENS.
Do que vale o espiar
atento dos olhos,
se as retinas
forem de pedras.
Serão olhos mortos
aos olhos da pétala
que se estampa
no galho alado.
Passará então as asas
do vento entre
os sistemas do seu
corpo morto.
E nem sentirá,
o inquietante frescor
do abanar das asas
do pássaro
que morreu em ti.
Então, possivelmente
veras o tempo perdido,
se a pedra que
endurece os olhos,
não tenha atingido
o intento dos
demais sentidos.
O espiar de pedra,
as retinas mortas,
não te darão
o prazer absoluto
de sentir a vida.
A vida é um lento passo
para a sensação
de um fugaz sentido,
a vida, as vezes é
flor das margens,
que murcha sem ser vista,
e não sendo cortejada,
não é vivida.