DOS SEDENTARISMOS DA ALMA

Não demos aquele beijo,

deixamos de nos enlaçar pelo abraço.

A palavra

tão necessária,

foi amordaçada,

e quando o silêncio

era para ser dito,

o verbo,

imprevidente,

inconveniente,

se fez presente.

Desviamos os olhos

de famélicos olhares,

que procuravam apenas

o alimento de um mero sorriso.

Apressamos os passos,

ampliamos

as lonjuras,

quando a felicidade pedia para

encurtamos

a distância

das nossas

mãos,

para outras

mais.

Cultivamos mudas

de ofensas,

sufocamos sementes

de perdão.

Enchemos de desesperança

nossos sonhos,

e esvaziamos os alheios ...

Não vivemos!

Só acumulamos anos ...

desenganos,

e com eles corremos

nas praças solitárias

de folhas mortas

e bancos frios

com os arrependimentos,

indo desesperadamente

cuidar das formas dos corpos

em vazias academias,

cheias de gente vazia,

enquanto nossa alma

em sua agonia,

padece,

dia a dia,

da obesidade

pela falta do exercício

do amar.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 02/10/2021
Código do texto: T7354855
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