MANADA.
Ando cansado
de dar passo em vão,
dói pés e mente,
a política
é água morro abaixo,
fogo morro acima,
é o medo da babá
que toma conta da criança.
Os dois lados da massa,
que se encontra
nas esquinas,
cada qual sendo escravo,
filhos da mesma sina,
sustentar faminta classe
que lhes cortam
com lâmina fina.
E qual será nosso destino
debaixo deste chicote?
Seguimos a punhos fortes
sofrendo na carne os cortes?
Ou daremos um só grito
e despertamos do sono
e livramos da morte,
a pátria que nos acolhe?
Segue esquerda e direita
caminhando lado a lado,
nesse ensaio da cegueira
que lhes impõem pesado fardo,
tudo bem milimetrado
pra não falsear os passos.
Enquanto segue a manada,
sem saber o seu destino,
tal classe segue sugando
o sangue da morta pátria.
Levamos a cruz adiante,
e as reformas importantes
vão ficando para traz.
Se seguirmos lado a lado
fazendo papel de gado
essa pátria irá sangrar.
Gota a gota vai pingando
nossos sonhos pela estrada,
e a nossa caminhada cabe
a nós mudarmos.
Mas do jeito que está
nossa sina é seguirmos
cumprindo o papel de gado,
rumo ao abatedouro,
levando a carne cansada
de tantas caminhadas,
para a classe sustentar,
enquanto existir cangalhas
e lombos pra sustentar,
segue a classe com enxadas,
enterrando nosso amanhã...