TEMPO DE IR

Me despeço

de todas as coisas

que nunca foram:

fizeram parte daquilo que fui.

Da terra que pisei

elas estavam lá,

infatigáveis,

a dançarem

a valsa dos grilhões

sobre mim.

Me aprisionaram

em invisibilidades

que só os meus olhos viram,

meu coração se calou

para as lágrimas

se desfiarem em litanias.

Um dia,

finalmente,

as deixei ir embora

suavemente,

como quem

não pede passagem,

não cede à pesagem

não perde a paisagem.

Experimetei-me

na buliçosa liberdade

das ausências vãs,

nas presenças sãs ...

E me senti

extasiadamente

em companhia

do meu verso solitário,

de rimas simples,

quase sempre pobres,

mas,

afortunadamente,

feliz.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 08/10/2021
Código do texto: T7359507
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