Vozes

Não posso mais ouvir sua voz...

talvez eu nunca mais vá ouvi-la.

mas o que importa hoje

são as vozes

dentro da minha cabeça

falando de solidão,

de frio,

de cansaço.

vozes que nunca param,

e sempre reclamam

que a janela está aberta

numa noite de chuva.

que reclamam dos boletos que esqueci de pagar

da minha barba sempre por fazer.

Você lembra? Quando nada disso importava?

Quando você ficava de joelhos na minha cama

e dizia que não queria dormir,

em plena madrugada.

Oh Deus,

eu daria tudo por um pouco mais

daquilo.

Mas as vozes insistem em dizer

que havia algo errado

naquela loucura

que vivemos.

Tanto faz.

Ainda está chovendo lá fora,

e meu coração segue

batendo desesperado,

sem consideração alguma

pela minha sanidade

ou pela falta dela.

E minha mente

desliza por possibilidades

e por lembranças

e sensações

que ficaram no passado.

Talvez eu nunca mais vá ouvir

o sussurro apaixonado,

que você costumava gemer

naquela hora.

Mas as vozes insistem em dizer,

a mesma coisa,

desde que você foi embora,

“antes estar só

do que enganado”.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 20/10/2021
Código do texto: T7367611
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