ANGÚSTIA

ANGÚSTIA

Para que luzes

Com tanta escuridão

Olhos não brilham

Apenas derramam águas

Em tempos de sofreguidão

Suspira-se sem enredo

Tudo é arremedo

De vida que se esvai

A permanência é maior

Tal qual a angústia

O que fazer com tanto tempo

Poesia não é alimento

É vida que agoniza

Que se transforma num espiral

Bem ou mal

Segue-se num frenetismo

Abismo, de necessidades criadas

De procura incessante de nadas

Na frenética busca da permanência

Adiando cinzas de aventuras

Que se pensam venturas

Mas nada são além de insanidade

Solitária e envolta em cortina

Tudo se desatina

Em vidas escravas, vazias

Abarcadas de materialidades

Sem devaneios

Respirando sem sentido

Tudo são ruídos

Exponenciais nesta raça

Que se suicida sem magia

Apenas vive sem alforria

Na vertiginosa e fugidia

Vida, se assim se pode dizer

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 29/10/2021
Reeditado em 29/10/2021
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