A SUAVE HISTÓRIA DE DOIS ADOLESCENTES APAIXONADOS, QUE MUITO SE AMARAM E CONTINUARAM VIRGENS, POR ACHAREM QUE SE VIRAM NUS CEDO DEMAIS

nos vimos nus cedo demais!

ah, dengo,

ainda em vestes,

vê-me do céu do quarto, de mãos soltas,

com as roupas ainda manchadas de amor antigo,

enquanto as roupas, ainda manchadas daquele amor antigo,

te avisam

que me viste nu cedo demais

ah, dengo,

[desconstrangida]

sem ciúmes das nódoas nas calças quase amarrotadas,

sem a farsa dos batons a mancharem camisas,

nem a zanga pelas cuequinhas usadas

[largadas]

por sobre as cadeiras

pensas ter me visto nu cedo demais

ah, dengo,

ainda sem zonzices,

vê minhas mãos quietas em meio às tuas pernas,

a tapar-te apelos, ou qualquer possibilidade de pudor,

enquanto ainda houver probabilidade de pudor em teus apelos

prontos à inquietação,

ao tocar

na minha nudez sua demais

não,

não me tocaste nu cedo demais!...

chegada a hora

dos cucos dos teus peitos prontos e pontiagudos

[involuntários e desponteirados]

desmentirem que os canários cantam no acontecer da manhã,

e a negar

que me viste em um nu de adolescente

ah,dengo,

[nudez e toques vêm gradativamente]

à mostra

com as mesmas sem-vergonhices

das mulheres de dedos habitados nas páginas dos calendários

de um ano cedo

nada

[entre nós]

veio cedo demais

e

deixaste as tuas roupas voarem para longe do teu corpo

[em definitivo]

para que te esqueças

das cuequinhas usadas por sobre as cadeiras,

cheinhas de nódoas antigas

[amor não feito]

nus?

[não sim, não não]

jamais nos vimos nus cedo demais!