Cabeça
De quantas defesas já me defendi?
De quantos nãos se faz um coração?
E quanto de sangue tenho nas vestes
De tantas batalhas que desconheço?
Saber só do fim nega um recomeço
Ainda que o futuro me o conteste
Permaneço atado à voz da razão.
Da boca, nenhuma confissão a sair.
De quantas desculpas disfarçadas
Se faz um desiludido destino?
E quais são as palavras não ditas
Seguidas de uma cama vazia?
Nos muitos livros que outrora lia,
Toda frustração estava escondida.
E por, há muito, já não ser menino,
Rio de qualquer conto de fadas.