o homem livre de bicicleta

Passado o susto, tomo

meu banho de praia,

encontro um homem

misterioso que mora nas ruas.

É livre, dorme na calçada, e o

semblante é de alguém que tem paz.

me o disse: sou contra o sistema. quanto

a minha arte na areia, ele falou: aqui não,

esse lugar já pertence aos

deuses encantados e seu

marechais andam por entre

essas veredas, vão pensar que você é doido,

faz aqui à beira da praia, se

ganhar algum tostão, divida

com os pobres, o homem livre

disse que sou bom e que não

ameaço ninguém, e que minha arte

conversa com os passantes, quase

na hora de ir embora, volta a me

dizer: pega pra você! O que

é seu pega pra você, não sei

que ele quis dizer, além de

me parecer livre, ri, mas

sei o lastro das bolas de fogo, deu

conselho, deixou sua cidade

e andou 1600 km a pé, anda

de bicicleta procurando tesouro

perdido que os desavisados

perdem em desatenção, disse que demorou

muito a se conectar comigo.

um homem livre não quis

me dizer o seu nome, o deixei

dançando para outros visitantes,

de longe me avistava, os outros

me acenaram, talvez tenha

desenhado um retrato meu

que não mostrou, voltei pra

casa, com um homem livre

se insinuando dentro de mim.