ENTRE DEUS E O ADEUS

Quando me fui

não recordei

Sua ausência

nem mesmo pude

perceber-me indo;

haviam muitos vazios

e não recobrei

minha cadência

nos passos erradios.

Apenas deixei-me levar

para algum lugar distante de mim,

do meu caminhar.

Sua presença

era demasiada certa

da penitência,

a porta estava aberta.

Restava em mim

os sonhos fatigados,

cansados de sonhar

Via-me na janela do tempo,

debruçando-me

com olhos famintos

de alguma reticente esperança

com o pranto reprimido

por tantas desilusões

e tantas outras falsas resignações.

Era preciso seguir;

necessário chegar a algum lugar além

para recomeçar

uma outra ilusão

em passos,

preces,

preços

a pagar

terços

a rezar

nesta eterna procissão

do adeus.

Só eu...

e Ele

entre a areia e o calcário,

cada um em seu calvário.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 24/11/2021
Código do texto: T7393182
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