EXUBERÂNCIAS

Ainda estou em frente da moldura da janela.

São quase dezessete, no final da primavera

de uma tarde impressionista que atravessa

a rua, as cerâmicas dos telhados, o reflexo

das sombras cor de creme e do amplo bege

que rebate os ossos espalhados da costela.

Paira um silêncio ensurdecedor sem decibel

sobre a cúpula toda alaranjada do hemisfério.

Eu deveria ter falado desta elegância discreta.

Senti o vapor que saia da sua sandália amarela.