Planeta que respira
a noite havia caído lentamente
o céu que se fazia erguer por sobre,
enchera-se de espessas e cinzentas nuvens
no terraço já com o céu forrado de toda aquela arte
que se fazia pairar no ar com surpreendentes raios a rasgar
como devastadoras vozes saindo furiosas
das profundezas gargantas assombrosas,
o vento varria o chão verazmente,
ainda não chovia, mas os estrondos e clarões que se avistavam no horizonte
indicavam um próximo iniciar…
agora a fúria da natureza itensifica-se
o rugir dos relâmpagos bate violentamente nos tímpanos
todo aquele espetáculo aterrador
desmascara-se e atua então,
na linha textual do concreto,
na abstracidade das tempestades de vestimentas sombrias,
na agua pingada que a posteriori jorra
de condensados corpos que pairam num ar que instiga a questão do como,
na terra tudo se renova com a divindade da fonte temporal que aflora,
nas entranhas da natureza que abarca na profunda das sedes
de um planeta que também respira.