A cortesã

Adentras meu lar

e pousas no meu leito,

como se, em toda a nossa vida,

fosse assim do mesmo jeito.

Sendo, embora, total desconhecida,

absoluta intimidade eu reconheço,

em cada dobra deste corpo teu.

Tua voz para mim familiar,

teu sussurro doce e costumeiro,

teus recônditos segredos revelados.

Mais tarde, em serena escuridão,

guardo teu sono.

O cheiro inconfundível do suor,

no corpo lasso, em abandono.

Tua alma sinto acesa e perfumada

me envolvendo, em sonho,

inteiramente!

Na finitude da noite,

és minha antiga conhecida

dos tempos imemoriais.

E chega a madrugada anunciando

um novo tempo,

um novo Sol que vem

levar-te pura para o recomeço.

Não és mais nada e nada sou também.

Seu nome e sua história desconheço.

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 05/12/2021
Reeditado em 06/12/2021
Código do texto: T7400422
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