Amor a dentadas

Contigo já nem sei mais começar.

Atropelados todos os meios

Desisti de ser inteiro.

Me mordo em sonho quase sempre:

Destroncando o curso na montanha

Do que era rio e hoje é veio.

Só bebo dessa sede que em mim

Com fogo congelas:

Por ter os lábios e a língua feitos

Pela metade e perdidos estarem

Na polpa de tua pele como sementes.

É dia de arrancar unhas curtas

E arrastar o barulho das luas:

Para difamar o amor que me engana

E mostrar que corte de pedra não é

Dor. É só uma carícia de quem carece

De outras suavidades.

Poemas Mal_Ditos

Julio Urrutiaga Almada
Enviado por Julio Urrutiaga Almada em 16/11/2007
Código do texto: T740179
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