ABENÇOADO REDEMOINHO

Do amor, gozos, guizos e manhas,

cada pétala é avassaladora,

cada poro se diz flambado.

Do amor, gritos e mantos,

riso mirado e estabanado,

cores embaralhadas ao bel gozar.

Do amor, quitutes e rebarbas ralas,

rastros difusos, embaralhados, esgarçados,

dores embebidas num quebranto lindo.

Do amor, avessas tantas e tontas sombras,

cravejados de migalhas roucas,

exasperado nos poréns e senões,

entretido numa armadilha sem pai.

Do amor, vai e volta sem asneiras,

resvalo meus vãos secos e reféns,

como se meus donos fossem todos,

como se meus gritos nada calarão,

como se a vida se fartasse de só ser vida..

Do amor, asas plenas e rareadas,

estico cada grão de fé sem medo,

pereço convicto nessa querela louca,

resgato meus punhais sem perdão, sem volta.

Do amor, abençoado redemoinho,

devaneio com sangue desatado e voraz,

sacudo nas peneiras da insônia minha merenda maior,

eternizo meu chão lambuzando de querer-bem e nada mais.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 17/12/2021
Reeditado em 17/12/2021
Código do texto: T7409061
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