Bocas que falam
Como contar todas as auras e seus olhares
Esperando o momento de voltar e dizer alguma coisa
Qualquer coisa que seja dita
Que saia da boca tremula como fogo das entranhas
No seu desfiladeiro perpétuo
No abismo inquieto da tua ressureição
Onde imperam sonhos inacabados e a noite te observa
A chuva chora no horizonte
Todos os ruídos são guardados no peito
Os deuses se calam no céu e esperam a chuva
Minhas coisas ficaram esquecidas
E o esqueleto das sobras voa com o vento
E posso dizer algo além de um ruído
No resplendor do amanhecer
Desce da lua na voz que esvazia
Na flor que desabrocha
No tempo escuro onde não há ninguém
Foi a queda no vazio que o tornou tão perene
Observando o azul do céu calado
O tempo esvaindo nos olhos
Hoje o dia pairou sobre nuvens
E meu estomago se agita
Todas as coisas se movem ao mesmo tempo
Sua face reluz nas luzes frenéticas
Seu olhar vai engolindo vazios
Tenho outras horas para batalhar
Dias para carregar desejos
Como sussurros e outra forma calada
Outro dia ou todas as vezes o mesmo dia
Todas as tardes sem olhar por trás dessa cortina