Bocas que falam

Como contar todas as auras e seus olhares

Esperando o momento de voltar e dizer alguma coisa

Qualquer coisa que seja dita

Que saia da boca tremula como fogo das entranhas

No seu desfiladeiro perpétuo

No abismo inquieto da tua ressureição

Onde imperam sonhos inacabados e a noite te observa

A chuva chora no horizonte

Todos os ruídos são guardados no peito

Os deuses se calam no céu e esperam a chuva

Minhas coisas ficaram esquecidas

E o esqueleto das sobras voa com o vento

E posso dizer algo além de um ruído

No resplendor do amanhecer

Desce da lua na voz que esvazia

Na flor que desabrocha

No tempo escuro onde não há ninguém

Foi a queda no vazio que o tornou tão perene

Observando o azul do céu calado

O tempo esvaindo nos olhos

Hoje o dia pairou sobre nuvens

E meu estomago se agita

Todas as coisas se movem ao mesmo tempo

Sua face reluz nas luzes frenéticas

Seu olhar vai engolindo vazios

Tenho outras horas para batalhar

Dias para carregar desejos

Como sussurros e outra forma calada

Outro dia ou todas as vezes o mesmo dia

Todas as tardes sem olhar por trás dessa cortina

Matheus Toniolo
Enviado por Matheus Toniolo em 19/12/2021
Reeditado em 12/01/2022
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