POEMAS NÃO SÃO PARA ORELHAS

Torturei de tal modo o poema para sabê-lo

desumanizei-lhe os acessórios

modifiquei o que lhe era flexível

esmaguei cada verso no vai e vem do moedor de cana

não brotou uma lágrima de confidência

violentei a soma de seus átomos

medi altitude e lateralidades

matéria que se disfarça em outra

sem nunca ter força para sê-la

(ainda que magnífica)

olvidei de vê-la

nem de leve assomei a profundeza

poemas não são para orelhas

Edmir CARVALHO BEZERRA
Enviado por Edmir CARVALHO BEZERRA em 21/11/2005
Código do texto: T74120