Visita
Convidei o vento a brincar
E tão fácil e livre, ele me veio;
Sem mãos ou braços,
Tocou-me o rosto e sorriu.
E nos pusemos a dançar,
Observados pelo relógio;
Já ciente do que viria
Eu, não.
E a valsa durou horas
Lá fora pássaros cantavam
E ali dentro, eu voava
Em direção às estrelas.
As mais belas eram minhas.
Queria poder roubá-las
E ter meu próprio céu
Aqui no chão.
Até que morreu a música
Antes do que esperava
E o vento foi mudando;
Imprevisivelmente frio.
Deixando-me apenas chuva
E depois, um arco-íris,
Mas eu já não temia ser o sol
Com sua solidão.