Marina
Marina,
linda, suave e luzidia!
Olhar brilhante, líquido!
Perfeita!
Um pingo d’água,
gema liquefeita,
no verde impermeável do jardim.
Às vezes, também,
roseira sem flor,
de agudo e seco espinho,
apenas raiva e dor,
ferindo, sem remorso, minha face,
que busca, em vão,
teu toque de carinho.
Marina, mar de amor em movimento,
balanço que me envolve
no teu corpo.
O sal e o sol
em tua pele escura,
inebriando, em ondas, minha vida,
num banho de alegria e de ternura.
Mas, se te fazes, sem aviso,
um mar revolto, em vagas gigantescas,
navego, em ti, demais amedrontado,
(navegar é impreciso!)
querendo, embalde, nos teus braços,
algum remanso onde guardar meu medo.
Encontro apenas teu olhar enfurecido!
que me lançam contra as pedras, indefeso.
Me despedaço, triste nau, perdido,
sem conhecer, inteiro, o teu segredo.