Pranto

sensações congeladas não me falam

a mão que me alicia não é casta

mas que passos anoitam o meu sonho

e que punhais afagam os meus passos?

e que monstro secreto é que me arrasta

para o trono vazio do fracasso?

ah este meu dizer cheirando prantos

a social grandeza da miséria!

como são pequeninos nossos reis

comendo os enxovalhos proletários

- como o gemer das pedras incomoda

o homem das alturas mas que vive

empedrado no santo capital!