DOS VÃOS DA ALMA

Minha alma tem vãos guardados em algum canto

Como precipícios assustadores cultivados desde sempre

Feito jardim particular secreto

Nesses vãos anônimos e calados

Guardo melodias, encantos a granel

Guardo segredos em baús gigantes

Guardo recantos que não mostro pra ninguém

O tempo vai se esvaindo, ficando calvo, ficando sábio

Levando no seu cangote jovialidades tantas

Cicatrizando passos fora do prumo

Trazendo pra luz néctares dourados

Então naqueles vãos ásperos, agudos

Recarrego meus fluídos de fé, de perdão

Sacudo o pó dos medos, das inquietações, dos senões

Respingo o que deve rugir, resplandecer, sorrir

Daí, por fim, remido e bendito

Faço minhas as dores do mundo

Ancoro e aninho as rédeas frouxas da paz

Velejo delícias que não acarinhava, nem cerzia

Disperso nódulos avessos, galopes estranhos

E sigo no fugaz rastro das pegadas que virão

Até a vida se cansar de mim de vez

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 02/01/2022
Reeditado em 02/01/2022
Código do texto: T7420012
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