O caldo derramado...

Fomes antigas de antigas formigas formigam...

Ainda que já tenham sido saciadas.

Na terra, não se precisa só de água.

Depois de satisfeita,

A fome engorda e emagrece,

Vai e volta,

Num pulsar de exigências e dispensas...

Há quem chore de barriga cheia!

Entorna-se o caldo

Que serviria de socorro

Aos habitantes das planícies e aos dos morros...

Vivaldi ensaia suas músicas...

Beethoven ganha um jeito novo de ouvir!

Respaldam-me meus treinamentos com as cigarras...

Houve um propósito, sim,

Ainda que inconsciente,

Nos estudos de piano

Sem vocação para a música:

Desenvolver a musicalidade necessária

No trato com as palavras que viriam depois...

Lavas, larvas, lavras...

Vulcão, putrefação, garimpo...

Está limpo o prato de porcelana

Em que comi fidalgas iguarias,

E o copo de cristal

Com sobras do bem e do mal.

Os que vão para o outro lado

Podem ajudar os de cá?

Não há cerca, nem arame farpado

Que impeçam...

É que os de lá ficam mudos, mas ganham um jeito novo de falar,

E o de cá ficam surdos, incapazes de captar...

Tropeçam!...

Derrama-se o cado

Que seria tão amado!...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 18/11/2007
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