Abandono
Teu olhar me abandona,
As estrelas me tratam com insignificância e eu gosto disso me consolando.
Olhares perdidos em pensamentos:
Amor, cansaço, trabalho.
Ah essa pele não me pertence,
Carcomida.
A tristeza tão pacífica,
Mar de sentimentos,
E as ondas morrem na praia:
Lamentações.
Ah vejo as ruínas de minha vida,
Sólidas,
Memórias do passado,
Desejos reprimidos,
Minha sombra não descansa.
Sou obra inacabada,
O tempo passa,
Sobra a imperfeição,
Minha vida tão incerta quanto viver.
Penso no futuro, e no presente escrevo poesias,
Angústia dos meus dias calmos,
A paisagem é a contemplação da solidão,
O nada é como o tudo,
O vazio transborda em sentimentos dormentes,
É sublime não existir,
Estou morto e cresce em mim ervas daninhas,
E caracóis rastejam sobre minha pele,
E borboletas passam pelo meu olhar aproveitando suas vidas,
E tudo isso é belo.
Vivo sem amor,
E esqueço de mim,
E lembro da eternidade em seu olhar,
Ilusões, desilusões, durmo,
Essa vida é sonho,
Essas ruas em que vago são sonho,
A paisagem adormece sobre meus olhos.