INSUFICIÊNCIA

Começara a escorrer.

Não suportou o peso das lágrimas das minhas dores.

Incontáveis,

intocáveis os sonhos

que depositei na sua

superfície intangível.

Meus olhares famintos,

meu coração ávido

pelas suas células,

pelo seu mel.

As crateras não eram tão profundas como supunha:

mal cabiam algumas doses

de antigas desilusões

e de novas ilusões.

Eu que pensava que ela sabia guardar segredos de amor!

Vou ter que

providenciar outro oráculo,

nas profundezas, talvez;

nas duas: a interna, seca de luz; a externa, encharcada de escuridão,

outra confidente mais confiável e menos finita:

esta já não basta,

como não me basta

viver daquilo

que um dia

eu guardei só para mim.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 23/01/2022
Código do texto: T7435430
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