Gauchinha

 

Viajante do mundo, responda,

conte-me tudo, nada me esconda:

onde andará aquela mocinha

que me encantava quando ela vinha

 

faceira e linda na minha rua?

Hoje é a saudade que em mim atua,

ao recordar aquela guria

que o Rio Grande reclamou um dia.

 

Foi-se a moça, levou o meu sonho,

deixando aqui um rapaz tristonho.

Quem sabe atenda num consultório

de Porto Alegre, ou num escritório.

 

Pode estar atenta no cultivo

de grãos de arroz e também de trigo

na fazenda que já foi do pai

lá na fronteira com o Uruguai,

 

casada com um gaúcho grosso.

Talvez solteira, pense no moço

que arrebatou nas bandas de cá

quando ela morou no Paraná.

 

 

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N. do A. – Na ilustração, Moça Lendo no Jardim de Barbara Jaskiewicz (Polônia, 1957).

 

João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 23/01/2022
Reeditado em 23/01/2022
Código do texto: T7435529
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