DIVAGANDO

DIVAGANDO

Devagar divagar

No tempo de nada

Sonhar o que

Pesadelar o que

Entre alvoreceres e crepúsculos

Seguem as estações

Cegas e rotineiras sem ações

Bate-se cabeça à toa

A voz não ecoa

Surdez é dádiva

Mudez é prudência

Avenças e desavenças

Geram condolências

Infrutíferas sem florescências

Não há aromas

Apenas cheiros

Respira-se e pira-se

Não toca-se e não se toca

Recolhe-se a toca

Não índio sem oca

Sem dança de chuva

Chove e dança-se

Inunda-se de dejetos

E os projetos?

Morrem em escaninhos

Perdem-se nos caminhos

Circulam em redes

Cheias de furos

De dedos duros

Que morrem em praias

De areias movediças

E carniças

Que fazem a festa

De urubus e tubarões

Regiamente paramentados

Para carnavais sem fim

O fim

Apenas para recalcitrantes

Que brigam sabendo da derrota

Vencem os demiurgos e mitos

Lamentavelmente

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 01/02/2022
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