* Tempestade Ousada *

Ganham os ventos a terra seca

espalhando inúmeras multidões

grãos soltos viajam pela brisa

sorvendo os restos entre arabescos

Fustigada intempérie tenaz

entrelaças tudo à sua passagem

rendas de Veneza se desfazem

com se de outono tratasse

Antagónica sua sina

o fumo queres soprar

o fogo da floresta apagar

enfim, juntas tudo, para as separar

Suas brisas profanam o altar

as velas da capela apagar

as saias das beatas levantar

até em reduto de fé queres chegar

Atirando flores ao mar

como devoto de Yemanjá

desdenhas o seu perdurar

pois sabes que és infinito