1977

Acredite em mim quando digo

que a vida é apenas uma diferença,

onde a noite é a linguagem do eterno.

Cidades não te amam nem esperam.

E brilho é ilusão pra aliviar certezas

em relativas marchas de expansão.

Eu costumava ser a resposta,

mas o que faço é matar tudo ao redor.

Fui deixado aqui para negar,

e registrar com a fúria dos condenados

a morte dos que viriam antes de mim.

Imitar sem sucesso a imprevisibilidade

e chorar quando nada mais restar.

O que se consegue vendendo pesadelos,

retalhos de carne de gente inocente,

apodrecimento a curto prazo

e muitas faces de resignação?

Repetição, mais repetição,

mesmas soluções em variações tonais,

uma pintura do dia em falso otimismo.

E eu finjo preencher os espaços vazios

pra que não venham os habitantes do acaso

dizer que a hora de hoje se encerrou.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 02/02/2022
Código do texto: T7443551
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