POR ESSES TEMPOS

Por esses tempos

Passo em sobressalto e silêncio

Por estas ruas onde fui feliz infante.

Há em tudo um estremecimento

Um gesto maquinal

E uma tênue lembrança

De um homem residual

Que era fraterno e feliz

A celeridade das ruas, da vida,

Flui numa marcha incompreensível

Num tempo onde não há tempo para o amor

Para o abraço demorado e fraterno

Para que o homem, possa regar em si

Ou em outro homem

A árvore da paz.

Daí, tudo contribui para essa guerra

Insana e desnecessária

Que vai destroçando a todos.

Guerra temerária,

Que se firma no ardil dos discursos

Na vaidade e ganância de poucos

E na miséria de muitos.

Sou o observador

E o guardador dessas setas de fogo doloridas

Que apunhalam a beleza da vida

E me fazem um homem dolorido e diluído.

Sabem...

Também tenho olhos de chuva.