A flor seca em sua redoma de ódio
Na cápsula em que vives - onde não há frio, amor
ou outro tipo de afetação inútil,
brota, inevitavelmente violento, o rancor.
Não chamarão de mundo esta cova
onde te enterraste: o mundo, por sombrio que seja,
é algo vivo, pulsante, desgraçadamente honesto.
Tu escolheste a mágoa como caminho,
o ódio feito arma de combate.
Gritos escapam de tua pele.
Que és agora, senão um bruto desespero nu?
Temes o silêncio, que explode dentro
de ti como uma angústia atômica.
Tua mente delirante
inventa conspirações jornalísticas.
Manchetes de sangue escorrem
dos teus olhos secos.
Não és alguém: tampouco és nada.
És a própria ausência de ti - um buscar
eternamente desencontrado
de ser.
p.