Kifo na Uzima
Pensando na morte e agradecendo a sorte de não ter sido eu
Fechando as portas e atando os versos ditados por deus
Remoendo a culpa por inglórias lutas, por tudo que se deu
Ajustando a bússola e pensado na vida dos meus
Curando as feridas, as físicas e as narcísicas, tudo o que doeu
Tentando fazer boas rimas, tentando fugir das rinhas, trazer luz pro breu
Sigo sem rota e com minha mania de trancar portas e me fechar feito um camafeu
Será que minha vida importa? Será que já se saciaram com o sangue que se verteu?
Pergunto mas sei a resposta, sei das vidas que ceifaram, do tiro que se despendeu
Mal escrita vida em linhas tortas, sina imposta preu
Pensando na morte imposta, no sangue na poça, na minha mania de proteu
A morte sempre bate à porta, espreita na esquina e no quiosque, poderia ter sido eu
E agora o medo me paralisa e a esperança já feneceu
Ouvindo as notícias do dia, numa narrativa crua e fria, uma parte de mim também morreu