TUDO E TODO
O poema é este não sei como fazer com as horas,
desde a ânsia rápida da aurora, e dos seus rosas,
os quais se alastram no semicírculo da abóbada
enevoada e toda de beges e das cores sem ordem
duma paleta invisível ao breu cru dos meus olhos.
Ando pelos poetas e seus versos quase em prosa,
na crônica do cotidiano. Sou mais um nesse round
de caçar poesia no oco do dia, fora de uma órbita?
Ou inexiste o istmo que divide a dose e a morte?
Entre o pó da casa, vejo os monstros deste agora
que fizeram sala na alma; querem de mim, a sós,
o unguento que não cura, pois não há diagnóstico
— eu mesmo e somente: e de cadeados nas portas.