FUI NEGRO SEM COR
Inspirado na obra de Castro Alves: Navio Negreiro
By: jÜjÜ Martins

Na boca da noite
Na noite passada
Fui pego de preto
pela madrugada

fui arremessado
naquelas correntes
de elos paridos
por forças dementes

fui acorrentado
por horas dolentes
fui encaminhado
a povos decentes

nos porcos porões,
ao som de chicotes,
cantavam grilhões
o canto das mortes

que acumulavam
as nossas agruras
se amontoavam
roubando ternuras

que amordaçavam
nossas esperanças
se acorrentavam,
nas nossas lembranças

formando os guetos,
fomos libertados.
nossos esqueletos,
seus poucos pecados

Na boca da noite,
na noite passada,
fui solto de preto
pela madrugada

Fui negro sem cor
na cor da maldade
pintada no seio
da tal LIBERDADE !!!