Descontentamento

Cansei das esteiras sonolentas

Onde só o acaso se move;

Fico longe da guerra das palavras

Assentada sobre uma pose inabalável.

Quero o ar entrando pelas narinas,

O mar revolto me engolindo.

Cansei dessa doce criatura

Que beija com cuidado a pintura,

Aceita o lugar vago cheia de mesuras.

Desce-me pelas pernas o descontentamento,

O medo de envelhecer patética,

Eu era cult antes do rótulo

Mas agora quem haverá de convidar

Uma remanescente original,

Do metal polido,

Da fala pausada, domesticada?

Cansei dos alvos lúdicos,

Não recorto mais recados

Colei na porta um silêncio fiel

Só aceito beijos públicos,

Desejos de papel passado

Minha companhia ficou cruel.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 20/11/2007
Código do texto: T745094
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