VÉUS DA NOITE

Há no escuro

dos céus

dois véus,

um que encobre o olhar,

outro que revela o sonhar.

Um

me amordaça

na tez negra

duma solidão,

outro me enlaça

no brilho

da constelação.

Ambos se rasgam

e se remendam,

sangue e veia,

correm

na mesma matéria,

escoam

por uma única artéria.

Se alimentam

mutuamente,

na autofagia

do viver,

e do morrer

no sangramento,

do firmamento

de toda gente.

A lua, às vezes,

embuçada,

oferta os olhos

das estrelas,

Na noite

que se faz

embassada

as estrela

são os olhos

em falsete.

O véu

que vai,

o céu

que cai

tão de repente

O véu

que vem,

o céu

que tem

a estrela cadente.

Um dia roubarei

o anteparo

desses olhos,

e ao fitar

essa nudez,

saberei

quem terá desnudado

quem,

o que se esconde

atrás de cada olhar

de cada novo anoitecer.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 21/02/2022
Código do texto: T7456963
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