Orquídeas

Era uma noite fria

E chovia sem parar.

Passei o resto da noite calada,

Em mim.

Olhava o céu sem abrir a boca.

Me sentia aflita por demasiado para tentar me distrair

E ansiosa demais para dormir.

Apenas conseguia remoer todos os apertos do meu peito, em silêncio absoluto.

Toda a minha tristeza fazia meu coração bater acelerado e manter meus olhos abertos.

Apesar de estar acostumada a me sentir mal,

Não conseguia me amparar.

Esperava que as horas passassem e os dias mudassem.

Passei a noite calada e até a manhã seguinte não falei nada.

Fiquei o dia inteiro muda.

Preferia assim.

Não ouvia minha voz e ninguém me ouvia.

Minha própria vida me amaldiçoava,

Quebrava minha esperança

E aos poucos me matava.

Quisera eu dizer que os dias de redenção chegaram e os dias já não são os mesmos,

Mas sigo tão pesarosa quanto antes.

Minh'alma segue tão triste e obscura.

Mas naquela noite, naquela impiedosa noite,

Eu permaneci calada. Completamente muda.

Só conseguia ouvir meus batimentos,

Quietos e ritmados.

Quase imperceptíveis.

E meus olhos piscavam,

Sem fazer vento a qualquer criatura viva,

A qualquer poesia manuscrita.

Eu apenas existia,

Mastigando minha tristeza sem emitir um som sequer.

Apenas ouvia a chuva caindo

Acompanhando todas as lágrimas que dos meus olhos saíam.

E elas caíam ordenadamente.

Tão amargas que rompíam minhas retinas.

Meu peito pesado me fazia respirar devagar;

Não havia fôlego.

E apesar de estar acostumada a me sentir mal,

Não conseguia me amparar.

Maria R Montozo
Enviado por Maria R Montozo em 23/02/2022
Reeditado em 28/07/2023
Código do texto: T7458959
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