Submerso
Parece que o Silêncio morreu
E entre tantas bocas falantes
Ninguém lembrou de me avisar
Que ele não ia mais voltar.
Uma hora eu parei e fiquei de pé esperando
Espinha reta, paralisada
Um medo terrível de estar pra sempre
No meio do movimento dos outros
Tentando não emitir nenhuma palavra
Tremer o menos possível
Subir o tom da minha audição até distinguir
As qualidades botânicas de cada som
Raiz e flor dos lábios
Tronco cizalhante
No meio de onde ele estaria
Silêncio.
E fracasso absoluto.
Fracasso entre a cidade e minha cabeça
Entre meu novo milênio e minha nova consciência
Um luto imerso,
Imenso.