Submerso

Parece que o Silêncio morreu

E entre tantas bocas falantes

Ninguém lembrou de me avisar

Que ele não ia mais voltar.

Uma hora eu parei e fiquei de pé esperando

Espinha reta, paralisada

Um medo terrível de estar pra sempre

No meio do movimento dos outros

Tentando não emitir nenhuma palavra

Tremer o menos possível

Subir o tom da minha audição até distinguir

As qualidades botânicas de cada som

Raiz e flor dos lábios

Tronco cizalhante

No meio de onde ele estaria

Silêncio.

E fracasso absoluto.

Fracasso entre a cidade e minha cabeça

Entre meu novo milênio e minha nova consciência

Um luto imerso,

Imenso.

Nia Ferreira
Enviado por Nia Ferreira em 27/02/2022
Código do texto: T7461552
Classificação de conteúdo: seguro