A Fragilidade da Multidão

Como o tigre

que vai saltar sobre

o jardim

anunciando a frágil sabedoria

da Massa e

de todos os homens

que de nada sabem da

existência concreta do pensamento

que sempre esteve

inexistindo

e conquistando os alicerces de areia

do coletivo

que se iguala aos outros

que nada sabem

dos seres ultrajados

ou mesmo daqueles

que sempre lutaram a favor

do egoísmo

apesar de eles não terem

uma luz definida à frente,

mas sim um raciocínio

irracional acerca de todas as teorias

que nada sabem dos homens,

mas que desde já

anuncia aos Novos que nascem o

NOVO

caminho obscuro

para que estes seres selecionados

busquem o amor comum

que a multidão passada sempre buscou.

Mas calma,

nós ainda temos os

o consumo para o consolo

dos aflitos

cheios da vida

mutilada

da multidão

olhando

as vitrinas

(propriedades dos homens)

intitulados burgueses,

mas não porque eles o quiseram assim,

apenas porque as massas e os sociólogos

os denominaram deste modo

e eles são até legais,

pois nos deixam olhar nas vitrinas

o fundo da nossa

carne através da

aquisição dos produtos da moda,

a transformação do nosso suor

em objetos do consumo

que consome os homens.

E me alegra pensar olhando as vitrinas

do centro da cidade

que a moda das mulheres em 1950 era o vestido

longo e que hoje

estamos dando,

como o próprio Rimbaud dizia,

“Liberdade aos novos!”

e que a moda agora é mesmo

o fio dental e a saia de dois dedos,

pois sejam os dois objetos a provável hipótese

da expressão dos valores da sociedade pós-moderna

como afirma a própria

puta da av. Quintino Bocaiúva

que entra agora neste poema

com seu relato de sabedoria e de fome:

“Ah, seu Dr., e deixar isso aqui tudo pra terra comer?”

e então penso

no mundo daqui a cem anos

onde estarei?

e respondo que

meus inimigos não se darão conta

de que inexistirei

no momento

em lugar algum.

Leo Linares

01 de novembro de 2005

Leo Linares
Enviado por Leo Linares em 22/11/2005
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